Hoje, num programa da manhã, estavam 3 jovens nascidos antes do 25 de Abril, a falar exactamente do 25 de Abril. Logo no início da conversa, um dos intervenientes expõe que o grande impulsionador da Revolução foi o povo. Os outros dois convidados concordam e num claro acto de aprovação, batem palmas onde são seguidos do público e do apresentador.
Hoje, mais uma vez, está marcada uma manifestação da chamada Geração à Rasca, aquela na qual eu me devia integrar, mas que no fundo acho uma perfeita palhaçada. Não que os jovens se devam acatar, porque isso nem deveria fazer parte da condição humana, nem faz parte, sobretudo, da condição irreverente dos jovens. Mas também não acho justo servirem-se a condição de "crise" somente para se auto-intitularem a voz do contra. Mas que ideias? Mas que propostas têm eles?
É exactamente a um ponto que queria chegar. O povo precisa de sentir que a sua voz é sentida, precisa dos tais 5 minutos de antena a debitar a sua opinião sobre qualquer assunto. Precisa de expor uma opinião que, embora neguem veemente, é estandardizada, é das massas, é a adoptada pela maioria. Precisam de acreditar que realmente o Povo fez o 25 de Abril, mas a verdade é que o Povo foi o último a saber.
Confesso-me bastante defensora dos que para mim são os heróis, os Capitães de Abril. Não que o povo não tivesse sido também um heróis: sofreu as repressões do Estado, viu-se privado de direitos cruciais da condição humana.
Contudo acho injusto os jovens de hoje em dia virem com o discurso de não aguentariam viver nesse regime, que não sabem o que é viver sem Democracia. As pessoas simplesmente se ajustam aos tempos, se bem que pensemos que os tempos se ajustam a nós.
Louvo os Capitães de Abril, louvo o espírito de sacrifício dos presos políticos, louvo igualmente o povo por ser a base e bem sabemos que a base é que aguenta sempre tudo, porém não vamos ser injustos no que toca ao acontecimentos 25 de Abril. O que me lembro quando vejo 25 de Abril é o Capitão Salgueiro Maia, o resto vem depois.
Obrigado Capitães!