Já deixei transparecer várias vezes a admiração e orgulho pela revolução do 25 de Abril. Tenho também muita admiração por todos os participantes que, em 2011, derrubaram os mais diversos regimes. O povo junto tem força. E este dar as mãos n precisa de armas nem de bombas.
E tudo isto para dizer que actualmente estamos a assistir a uma inédita revolução política, social e cultural. SOPA, apareceu para combater a pirataria online e pôr a baixo todo e qualquer site que, de forma directa ou indirecta, contenha conteúdos protegidos pelos direitos de autor. Este movimento veio pela mão de um senador americano, Lamar Smith, e com ele há outro movimento a apoiá-lo, o PIPA.
Estes projectos tem gerado grande controvérsia, não só nos EUA como no mundo inteiro. Obama, ao que parece, não vai com o movimento, ao contrários de grandes marcas mundiais*, entre as quais, Adidas, D&G, L'oreal, Disney, Nike, Lexmark, Toshiba, Lacosta, entre outras. Mas quem faz as marcas e quem lhe dá estatuto são os consumidores. As marcas têm o dinheiro, mas dentro do ramo do consumo, a decisão final ainda é do consumidor. E sim, estas marcas irão ser fortemente boicotadas.
Por outro lado, a SOPA propõe o encerramento de sites como o Google, a Amazon, o Twitter, o Facebook, o Reddit, o Blogger, a Wikipedia, sites de partilha de torrents como The Pirate Bay, Mininova, ou seja, todos os sites propícios a manter qualquer conteúdo ilegal.
Na quarta-feira, a Wikipedia e o Google protestaram contra o movimento, a primeira que negou o acesso à versão inglesa por 24 horas e o Google exibindo uma "tarja" negra. Mas ontem, como culminar desta situação, o FBI fechou o site Megaupload, um dos principais sites de partilha de conteúdos online. Como reacção, o grupo Anonymous (que desde há muito luta contra as forças de poder) não fez esperar e com diversos bombardeamentos, conseguiu bloquear os sites das principais empresas da indústria musical cinematográfica, bem como o próprio site do FBI.
O que a SOPA propõe é algo impossível de se alcançar. Acabar com estes sites é acabar com a internet. E o poder dos políticos é insignificante perante o povo, perante os revoltados, os hackers. Por mais regras que pretendam arranjar, por mais fórmulas que inventem, haverá centenas de hackers mais inteligentes, capazes de dar a volta à situação e ainda rir-se na cara destes pseudo intelectuais.
A pirataria nunca acabará e muito menos começou com a internet. A sociedade não irá deixar de partilhar ficheiros e, como em tudo, há ciclos. Se as editoras, as discográficas, se todo esse tipo de empresas derem falência, que acredito que não darão, já que li recentemente a venda de cd's nos EUA aumentou em 2011, abrirem falência, que acredito que não o farão, a culpa não será unicamente da internet. A Kodak ainda ontem declarou e a malvada da internet não teve nada a ver com isso...
E, por mim, se as editoras forem à falência, é-me indiferente e o sentimento de pena será nulo. O seu argumento segue a linha da pirataria roubar os artistas, mas na verdade não serão as próprias editora que roubam, por exemplo, os músicos? Quanta percentagem das vendas vai para os artistas?
Eu, contribui muito simples para o trabalho criativo de um artista: vou a concertos e compro merchandising. E acredito que esse dinheiro vai mais depressa e mais directamente para os artistas do que por intermédio das editoras. E sim, já gastei muito dinheiro em bilhetes e tenho projecções nesse sentido agora para Março, para ver duas bandas.E ironia das ironias, bandas que apenas conheço devido à internet. (sim, porque se não fosse a internet apenas conheceríamos o que os media nos dão e seríamos um povo bem mais triste.
E este discurso poderia continuar, os argumentos são infindáveis, mas, para finalizar que, preparem-se que a revolução digital vai começar e os vencedores são tão óbvios, basta ver a força que o povo junto consegue ter, ainda na história recente de 2011.
*(há muita informação na net e como tal, há uma grande tendência para cairmos em erro. Tinha dado uma série de nomes de empresas que apoiavam o projecto SOPA, mas algumas dessas, como a Sony e a Nitendo já retiraram o seu apoio. Ao início, também a Microsoft e a Apple também o fizeram, mas já voltaram atrás.)