quarta-feira, 25 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
RTP mostra a teia política e económica d'Os Donos de Portugal
"O documentário Os Donos de Portugal, que será emitido pela RTP2 esta madrugada, começa com um pedido ao espectador. E com uma inquietação que o atravessa e nos obriga a chegar ao fim. Imagine que um leitor de crónicas de negócios do século XIX regressa a Lisboa e retoma as suas leituras: "Que espanto sentiria ele ao encontrar os mesmos nomes daquelas grandes famílias que povoavam a Baixa e a Lapa? Será que ainda vão lá estar em 2150?""
"Ao PÚBLICO, o realizador e dirigente do BE Jorge Costa defende que "é o Estado que faz a burguesia em Portugal", quer no Estado Novo quer na democracia. Primeiro, o documentário aponta uma elite económica que se afirma a partir de "uma relação de grande promiscuidade com o poder do Estado e sempre sob sua protecção, uma característica que atravessa os vários regimes". Depois, assinala "como a elite económica se constitui ao longo de um século como uma grande família". Por último, desmonta uma forma concreta de promiscuidade entre o poder político e económico, ao expor o "tráfego entre cargos políticos e lugares de topo nos grandes grupos económicos", sobretudo em ministérios estratégicos: Economia, Emprego e Obras Públicas.
O filme começa em finais do século XIX, revela uma burguesia que tem no Estado o seu mercado privilegiado e que sobrevive de relações estreitas com os universos da política e dos negócios, numa lógica de permanente favorecimento. Exibe-se o fracasso de uma burguesia incapaz de modernizar o país, absolutamente centrada no enriquecimento e na autopromoção social. Uma rede que é abalada com o 25 de Abril, mas que o Estado, através do processo de privatizações, coloca novamente no centro do poder económico e financeiro.
"No centro desse centro esteve sempre a família Mello", que há-de unir-se às famílias Champalimaud e Espírito Santo. A árvore genealógica da burguesia portuguesa mostra como o casamento é passaporte para assegurar a continuidade da direcção dos negócios e como o país económico é refém de "uma grande família", afirmam. Já no Estado Novo, o documentário revela "uma amizade única" entre Salazar e Ricardo Espírito Santo, que se "reúnem ao domingo" e se "correspondem regularmente". As famílias Champalimaud e Mello são à época, por exemplo, protegidas por regras alfandegárias que garantem mercados exclusivos.
Atravessa toda a película a ideia de que as grandes fortunas foram construídas sempre de mão dada com o Estado, com recurso a medidas de protecção concreta ou através de indemnizações ou empréstimos. Fernando Rosas, historiador e dirigente do BE, defende no decorrer d'Os Donos de Portugal que "a cultura da burguesia industrial portuguesa é uma cultura de chapéu na mão em relação ao Estado". Rosas explica ainda que "a elite política do país era muito pequena", o que fez com que a circulação entre os negócios e a política fosse mais intensa. "O Estado foi o construtor da burguesia, até que um dia, como no célebre conto do aprendiz do feiticeiro, o aprendiz tomou conta do feiticeiro", defende.
Sectores de "acumulação mais rápida" emergem no século XX a par dos impérios familiares. Américo Amorim, Belmiro de Azevedo e Jerónimo Martins passam a fazer parte desse núcleo duro, segundo o relato. Mas também a "elite angolana" é apontada como uma dona de Portugal. Pelo menos da banca. "Mais de 10% do BPI e do BCP, 25% do BPN" e empresas com Mota-Engil, PT, Zon, grupo Espírito Santo e Unicer.
Analisados 115 currículos de governantes do último século, o documentário conclui, com especial relevância para o PSD, que "entre política e negócios o trânsito é permanente e muito intenso". E que "esta promiscuidade cria um sistema de enriquecimento rápido e uma ascensão social vertiginosamente rápida", nas palavras de Jorge Costa.
Duas afirmações no documentário explicam quase tudo. A primeira é que "o lugar num ministério é hoje trampolim para uma vertiginosa ascensão social através de remunerações com que muitos quadros partidários nunca sonharam, nem no partido nem nas suas profissões". E a segunda vai ao âmago da corrupção: "Quem dirigiu a privatização passa a dirigir o que privatizou, quem adjudicou a obra pública passa a liderar a construtora escolhida, quem negociou pelo Estado a parceria público-privada passa a gerir a renda que antes atribuiu ou vice-versa."
"O filme acaba por procurar contribuir para a discussão da natureza da crise actual. É um filme que discute quem é que viveu afinal acima das nossas possibilidades", afirma Jorge Costa. O documentário termina com uma reflexão: "Sob o regime da dívida, a própria democracia política é ameaçada." No final, sobressai o retrato de um Portugal cada vez mais dependente das importações, refém do desemprego e da crise financeira internacional, que abandonou o Estado social e aumentou os impostos sobre o consumo. Numa última imagem, o que resta é um país que agoniza. Um país deprimido e, sempre, um país deprimente no círculo fechado dos negócios e da política.Veja aqui a infografia sobre as ligações dos donos de Portugal
"O documentário Os Donos de Portugal, que será emitido pela RTP2 esta madrugada, começa com um pedido ao espectador. E com uma inquietação que o atravessa e nos obriga a chegar ao fim. Imagine que um leitor de crónicas de negócios do século XIX regressa a Lisboa e retoma as suas leituras: "Que espanto sentiria ele ao encontrar os mesmos nomes daquelas grandes famílias que povoavam a Baixa e a Lapa? Será que ainda vão lá estar em 2150?""
"Ao PÚBLICO, o realizador e dirigente do BE Jorge Costa defende que "é o Estado que faz a burguesia em Portugal", quer no Estado Novo quer na democracia. Primeiro, o documentário aponta uma elite económica que se afirma a partir de "uma relação de grande promiscuidade com o poder do Estado e sempre sob sua protecção, uma característica que atravessa os vários regimes". Depois, assinala "como a elite económica se constitui ao longo de um século como uma grande família". Por último, desmonta uma forma concreta de promiscuidade entre o poder político e económico, ao expor o "tráfego entre cargos políticos e lugares de topo nos grandes grupos económicos", sobretudo em ministérios estratégicos: Economia, Emprego e Obras Públicas.
O filme começa em finais do século XIX, revela uma burguesia que tem no Estado o seu mercado privilegiado e que sobrevive de relações estreitas com os universos da política e dos negócios, numa lógica de permanente favorecimento. Exibe-se o fracasso de uma burguesia incapaz de modernizar o país, absolutamente centrada no enriquecimento e na autopromoção social. Uma rede que é abalada com o 25 de Abril, mas que o Estado, através do processo de privatizações, coloca novamente no centro do poder económico e financeiro.
"No centro desse centro esteve sempre a família Mello", que há-de unir-se às famílias Champalimaud e Espírito Santo. A árvore genealógica da burguesia portuguesa mostra como o casamento é passaporte para assegurar a continuidade da direcção dos negócios e como o país económico é refém de "uma grande família", afirmam. Já no Estado Novo, o documentário revela "uma amizade única" entre Salazar e Ricardo Espírito Santo, que se "reúnem ao domingo" e se "correspondem regularmente". As famílias Champalimaud e Mello são à época, por exemplo, protegidas por regras alfandegárias que garantem mercados exclusivos.
Atravessa toda a película a ideia de que as grandes fortunas foram construídas sempre de mão dada com o Estado, com recurso a medidas de protecção concreta ou através de indemnizações ou empréstimos. Fernando Rosas, historiador e dirigente do BE, defende no decorrer d'Os Donos de Portugal que "a cultura da burguesia industrial portuguesa é uma cultura de chapéu na mão em relação ao Estado". Rosas explica ainda que "a elite política do país era muito pequena", o que fez com que a circulação entre os negócios e a política fosse mais intensa. "O Estado foi o construtor da burguesia, até que um dia, como no célebre conto do aprendiz do feiticeiro, o aprendiz tomou conta do feiticeiro", defende.
Sectores de "acumulação mais rápida" emergem no século XX a par dos impérios familiares. Américo Amorim, Belmiro de Azevedo e Jerónimo Martins passam a fazer parte desse núcleo duro, segundo o relato. Mas também a "elite angolana" é apontada como uma dona de Portugal. Pelo menos da banca. "Mais de 10% do BPI e do BCP, 25% do BPN" e empresas com Mota-Engil, PT, Zon, grupo Espírito Santo e Unicer.
Analisados 115 currículos de governantes do último século, o documentário conclui, com especial relevância para o PSD, que "entre política e negócios o trânsito é permanente e muito intenso". E que "esta promiscuidade cria um sistema de enriquecimento rápido e uma ascensão social vertiginosamente rápida", nas palavras de Jorge Costa.
Duas afirmações no documentário explicam quase tudo. A primeira é que "o lugar num ministério é hoje trampolim para uma vertiginosa ascensão social através de remunerações com que muitos quadros partidários nunca sonharam, nem no partido nem nas suas profissões". E a segunda vai ao âmago da corrupção: "Quem dirigiu a privatização passa a dirigir o que privatizou, quem adjudicou a obra pública passa a liderar a construtora escolhida, quem negociou pelo Estado a parceria público-privada passa a gerir a renda que antes atribuiu ou vice-versa."
"O filme acaba por procurar contribuir para a discussão da natureza da crise actual. É um filme que discute quem é que viveu afinal acima das nossas possibilidades", afirma Jorge Costa. O documentário termina com uma reflexão: "Sob o regime da dívida, a própria democracia política é ameaçada." No final, sobressai o retrato de um Portugal cada vez mais dependente das importações, refém do desemprego e da crise financeira internacional, que abandonou o Estado social e aumentou os impostos sobre o consumo. Numa última imagem, o que resta é um país que agoniza. Um país deprimido e, sempre, um país deprimente no círculo fechado dos negócios e da política.Veja aqui a infografia sobre as ligações dos donos de Portugal
retirado do jornal Público
domingo, 22 de abril de 2012
Nirvana foi a primeira banda de que gostei e ainda hoje é a banda. Sim, Nirvana. Lembro do meu irmão estar sempre a ouvir qualquer coisa, até que um dia me aproximei dele, escutei uns segundos e disse "fogo, isto é mesmo o teu estilo, o gajo não sabe cantar." "Não sabe cantar?! Isto é Nirvana!" Pois, ele teve razão na resposta.
Sei que nos tempos seguintes apenas ouvia o Nirvana de 2002, e nesse álbum se calhar encontra-se a razão da minha veneração pela banda. Essa música, apenas tocada no Unplugged, Kurt canta-a por completo de olhos fechados e cabeça baixa, excepto por um segundo. Nesse segundo, quase no fim, ele levanta a cabeça, abre os seus olhos azuis, suspira e só depois volta à sua posição para acabar a frase. Esse é o momento em que ele desiste da própria luta, em que dá resposta à sua pergunta e se resigna, suspirando.
É, de certo, aquele segundo que me arrepia sempre e é também aquele que diz tudo sobre a banda.
sexta-feira, 20 de abril de 2012
...mas acontecem.
E ontem vi um professor universitário a anular um teste constituído por três grupos. Dois dos três grupos continham erros que impossibilitavam a resolução.
Isto é brincar connosco que além de estudar, trabalhamos.
Agora é esperar pela marcação do teste de substituição que segundo o professor, será num sábado...o que eu digo é ide TODOS...
leaf*
quinta-feira, 5 de abril de 2012
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