As palavras são sempre pecadoras e não embelezam as memórias. Gostei, adorei, repetiria com certeza. Foi brutal.
Esta é a banda que me acompanha desde há muito tempo e que nunca descorei. Nunca pensei vê-los tão cedo, aliás, nunca pensei que os fosse ver ao vivo porque era algo que nem pensava. Lembro-me do dia em que me ligaste a dar a notícia que o primeiro nome do Alive estava confirmado. Era nem mais nem menos do que Foo Fighters. Se pudesse, teria comprado os bilhetes naquele mesmo dia, mas estava à espera dos outros dias que na verdade se revelaram uma bela merda.
Ouvir on repeat as músicas. Decorar as letras.
Entrar no recinto outra vez. Outra vez as fitinhas laranjas, outra vez as t-shirts da Boundi a voar. Obrigada pela segunda camisola! A sempre tentação das barracas de merchandising e o meu casaco novo dos FF.
Espera longa, desesperante. "Ai a minha vida", ouve-se ao longe pela voz do Tim. Pois, ai a minha vida que nunca mais saem do palco.
Iggy Pop, o animal, a surpresa. Da mesma forma que se aproxima do público, distancia-se em palavras de ódio, de anti-conformismo.Não sei quem disse que a idade traz a resignação.
Se brutalidade das palavras estende-se à sua performance em palco, muito diferente é a forma como lida com o público, que o chama para o palco ou que vem até ele para ser agarrado e adorado.
Riffs agressivos, rosto encarnado, cabelo colado aos rosto, chichete na boca, um balanceado de um lado para o outro, um desafiar o público. "These are my famous last words" e começa tudo.
Letras mais que sabidas, setlist mais do que sabida, momentos agarrados, mas mais momentos a saltar e a gritar e a filmar e a cumprir mais do que um desejo. Ver o mesmo entusiasmo da companhia de público, ver diferentes reacções de diferentes personalidades. Ver também só cabeças e ter de assistir a tudo pelos ecrãs. Bicos de pés. Felicidade.
As palavras são pecadoras e não embelezam as memórias e tudo o resto são apenas memórias. Muito boas memórias.